quarta-feira, 31 de março de 2010

O poeta e o Palmeiras

O Poeta e o Palmeiras

“Nome, Sobrenome e Futebol de Craque”, “Ele tinha um ar, assim, de primeiro violino”; Assim Armando Nogueira se referia á Ademir da Guia, maior ídolo da rica história do Palmeiras. Admirador não do futebol arte que é de difícil definição, mas sim do futebol bem jogado.
Armando Nogueira era botafoguense, nunca escondeu isso, pelo contrário era um dos torcedores ilustres do time da estrela solitária mas a paixão não impedia de maneira alguma Armando de reconhecer o talento em jogadores de outro time e foi assim que em 2008 mandou um recado ao Mago Valdívia que vinha então sendo perseguido por brucutus e pernas de pau:

“"Valdivia meu caro. Não preciso conhecer-te pessoalmente para tomar a liberdade de escrever-te este bilhete. Fiquei sabendo que o pau anda cantando nas tuas canelas e que tu estarias tomando essas agressões como coisa pessoal. Talvez alguns jogadores que não vão com a tua cara. Pode até ser, mas não esquenta. Posso te garantir que a bronca é antiga. Mas, sou capaz de jurar que a birra é contra o drible. Os medíocres detestam o drible.

Quando o futebol apareceu no mundo se chamava “jogo do drible”. Por ai já se vê que a intenção dos inventores era fazer desse esporte um passatempo cheio de graça.

Acontece que o drible não é como o sol que nasceu para todos. O drible acabaria se tornando um privilégio. Só os eleitos merecem o dom que, por sinal, os deuses te concederam. O drible é uma invenção que nasce do coração.

O driblador é um poeta.

Quando um brucutu te dá um pontapé, ele não está agredindo apenas e tão somente o cidadão Valdivia; ele está afrontando toda uma dinastia que foi canonizada pelas canelas de Stanley Mattews, de Garrincha, de Zico, de Júlio Botelho, de Maradona e de tantos outros apóstolos do evangelho do drible."


Mesmo doente Armando Nogueira se sentiu no dever de defender o futebol e um dos seus artistas modernos, um dos ídolos recentes da Academia, um dos raros desta década que esta acabando.
Mais que botafoguense um admirador do futebol, mais que um escritor, um poeta, com o perdão do clichê,

Ao mestre com carinho,

by - Vlado Galli

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