segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O que separa o velho do novo no mundo na bola


por Felipe Bianchi
postado originalmente no blog www.guerraespiritual.wordpress.com

Não quero regra nem nada
Tudo tá como o diabo gosta, tá,
Já tenho este peso, que me fere as costas,
e não vou, eu mesmo, atar minha mão.

O que transforma o velho no novo
bendito fruto do povo será.
E a única forma que pode ser norma
é nenhuma regra ter;
é nunca fazer nada que o mestre mandar.
Sempre desobedecer.
Nunca reverenciar. (Como o diabo gosta – Belchior)


por Felipe Bianchi

Belluzzo com torcedores na Ilha do Retiro, em Recife.

Luis Gonzaga Belluzo é um dos mais importantes economistas e pensadores brasileiros desde o século XX.

seu gabarito inclui diversos feitos, trabalhos e prêmios. desde a década de 60.

hoje, Belluzzo é presidente – querido e apaixonado – da Sociedade Esportiva Palmeiras, que é o clube do coração deste blogueiro que vos escreve.

não vim aqui pra falar do Palmeiras, que tanto gosto de falar a respeito.

vim para falar de futebol e de revolução.

Belluzzo, como sempre suspeitou-se, é um revolucionário.

não por assinar sua carta-resposta ao blog do juca kfouri com “saudações socialistas”, mas pelo marco que representa no futebol brasileiro de rompimento total com a geração de dirigentes corruptos, baixos e sujos.

depois do erro grotesco e mal-intencionado-sim-senhor de Carlos Eugenio Simon, um árbitro que só perde prestígio entre os clubes de futebol (mas não com a CBF…), Belluzzo fez algo que a imprensa nem os tribunais esperavam ou desejavam, mas que a torcida – a alma do futebol, além de seu consumidor e razão de existir – anseava.

a resposta de Belluzzo foi agressiva, dura, porém com classe. com toda classe e classismo de quem trava uma luta para além das quatro linhas no futebol brasileiro. uma luta contra toda uma estrutura asqueirosa e fedorenta de poder no mundo da bola (ou seria do “Globo”?).

Belluzzo deu um golpe duro contra a bandalheira em forma de cartolagem.

Belluzzo deu voz ao sentimento de injustiça e da sensação de ônus moral e econômico que o torcedor Palestrino enfrenta hoje, um dia após o fatídico “golpe baixo” de Simon, CBF e o Fluminense (eterno clube de terceira divisão, se é que o passado não é esquecido por você, leitor).

Belluzzo, em nome do Palmeiras, dá um murro contra as muralhas do poder no futebol.

O presidente, que não é perfeito, mas é o mais Palestrino da história do Palestra consegue, ainda, vingar moralmente, com as acusações sinceras, apaixonadas e cheias de razão contra a canalhice, representada pelo árbitro-engavetado C.E. Simon, toda uma história de limitação por fatores extra-campo. Uma história que não cabe ser resgatada nesse post, mas que todo Palestrino e memorialista da bola conhece bem. Uma história que passa na cabeça de Leivinha em 71, no apito de Ubaldo Aquino, no impedimento de Alex contra o Manchester United. Uma história que passa de uma eliminação em Campeonato Paulista com o adversário (Corinthians) não tendo entrado em campo em seu jogo e garantido a vaga. Uma história com gol de mão do SPFC e pênalti escandaloso jogo-sim jogo-também não marcado contra esse referido clube.

Isso só pra ilustrar.

Todos sabem que o buraco é mais embaixo. Quem quiser detalhes, já que me excedi em tal manifesto, fique a vontade para perguntar ao legítimo OCTA-CAMPEÃO brasileiro pela CBD e CBF. e não apenas tetra da CBF.

Belluzzo expressa o sentimento deste que vos escreve bem como o de mais de 15 milhões de apaixonados que gastam dinheiro, tempo e energia em um meio podre e desgastado. a história se repete. mas dessa vez a voz não se calou e as cabeças não se abaixaram. dessa vez, a resposta foi a desmoralização sincera e com propriedade de algo velho que necessita urgentemente, assim como o Palmeiras precisou na sua política até a entrada de Belluzzo, do novo.

Alguem precisa dizer que o futebol é podre e ontem tivemos um exemplo dessa podridão.Não falo apenas da anulação do gol.

Foi a forma descarada, ostensiva e desavergonhada, a intenção clara de prejudicar um time e favorecer o outro.

Erros de arbitragem acontecem.

O Palmeiras perdeu tres jogos e não falei nada.Tem mais. O futebol está povoado de picaretas e safados.

Esse Simon é um operador “oficial” de interesses escusos.

Não vou parar de falar porque não tenho rabo preso.

Tampouco vou “trabalhar nos bastidores, eufemism

não tenho rabo preso.

Tampouco vou “trabalhar nos bastidores, eufemismo para “comprar o juiz”.

Se for preciso fazer isso, prefiro ir para casa. (Belluzzo)

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

50 graus: Uma Odisséia em Prudente


Já se passaram quatro dias do jogo entre Palmeiras X corinthians e não cabe mais escrever sobre tal evento, até por que quem foi ao estádio Prudentão(recuso-me a escrever o nome original do estádio que homenageia um calhorda cujos seus desserviços ao futebol são incontáveis) não tem condições de analisar muito bem a partida. Turva, indefinida e parcial, era assim a visão de quem esteve nas arquibancadas do estádio Prudentão,a sensação térmica era de cinquenta graus, muita gente gente tendo que ir ao ambulatório, filas enormes para se jogar um pouco de água no rosto e no corpo, um sol tão intenso que afugentava qualquer nuvem ousada que ameaçasse chegar-lhe perto.
Este era o cenário para um jogo de futebol envolvendo duas das mais importantes equipes do país, um cenário surreal digno de Luís Buñuel. É desumano exigir um bom futebol de qualquer jogador nestas situações, ainda mais quando se ignora o inútil horário de verão e seja mantido o horário global das 16 horas da tarde. Este jogo é um símbolo de como a CBF está rendida á emissora Globo, esta que não se importa nem um pouco com os torcedores que vão ao estádio e está inventando horários indecentes e impróprios. Clubes, jogadores e torcedores reclamam mas nada fazem para que isto mude.
Os clubes também estão reféns da Globo, alguns já tiveram que pedir sua verba adiantada do campeonato do ano que vem para pagar dividas, dependem desta receita para não atrasarem (muito) o salário de seus funcionários e acham que não podem (ou não conseguem mesmo) negociar valores maiores ou mesmo com outra emissora. Os jogadores tem um sindicato ineficiente e omisso que só aparece em ocasiões oportunas e os atletas muitas vezes não sabem como recorrer a este sindicato, ao clube ou outra instituição que poderia lhe prestar assistência, além do que são desunidos e muitas vezes tem medo de se indispor no meio, ficar "marcado" e desta maneira sem mercado, preferem engolir a seco suas reclamações. Já as torcidas tem força e mobilização para conseguir falar diretamente com jogadores, diretores e até mesmo presidentes dos clubes mas em assunto que é tão importante e lhes atinge de forma direta não se pronunciam, parece que nem se preocupam, protestam contra o time que está medíocre mas não em ter que pagar cinquenta reais para enfrentar quarenta graus de calor ou em ter que voltar para casa pé por que o jogo acabou depois do horário que o metrô parou de funcionar.
Assim como na religião, no futebol muita gente se aproveita do fanatismo das pessoas, é muito mais fácil explorar alguém que está cego pela paixão. O individuo fanático, que está cego, faz tudo que está ao seu alcance para poder estar perto do seu objeto de veneração, o torcedor de futebol não é diferente, passa fome, vai trabalhar de bicicleta mas não deixa de ir ao jogo do seu time de coração.
Se os atores deste cenário tomarem consciência perceberão que se os jogadores decidirem não jogarem não haverá campeonato, se os torcedores não forem ao estádio pode haver jogo mas não terá graça, se os clubes decidirem não esperar a novela acabar para poder entrar em campo as máquinas param e quando isto acontecer algo vai ter que ser feito, alguém vai ter que ceder, existe uma dezena de emissoras que gostariam de deter os direitos de transmissão dos jogos, o poder para mudar está com os clubes, os jogadores e os torcedores, não na Globo e nem na CBF.

Vlado Galli